quarta-feira, 9 de março de 2011

8 de Março: Dia Internacional de Luta da Mulher

Foto: João Zinclar
Em junho de 2009, uma escrivã da Polícia Civil foi alvo de ação da Corregedoria-Geral no 25º DP (Parelheiros) sob suspeita de cobrar R$200 para favorecer suspeito de portar munição.
O vídeo em que delegados da Corregedoria aparecem tirando à força a roupa da funcionária pública foi divulgado em meados do mês passado. A escrivã aparece, no vídeo, apelando para que a revista se desse de maneira digna, por intermédio de uma policial e de uma representante da guarda civil, sem a presença dos delegados.
A escrivã foi expulsa da polícia e tenta reverter a decisão.
O que ressalta no caso é que houve um curto-circuito nas estruturas do Estado, pois, aparentemente e segundo o que foi relatado na imprensa até agora, a chefia da Corregedoria e até mesmo o Ministério Público não viram irregularidades na ação.
O vídeo foi enviado pela OAB-SP, em dezembro passado, ao Secretário da Segurança Pública, que o reenviou à Corregedoria, num círculo vicioso que não expunha para a sociedade a inação do Estado diante da violência cometida.
Somente quando o vídeo foi colocado na rede mundial, tornando-se público, o Governador classificou o episódio como “grave”, resultando no afastamento de três delegados.
Neste ano o calendário fez coincidir o dia 8 de Março com a terça-feira de carnaval. Os festejos de Momo, data importante da cultura nacional e aguardada com ansiedade por muitos brasileiros e brasileiras, não impedem de lembrarmos a data como Dia Internacional de Luta das Mulheres.
Em 1910, a alemã Clara Zetkin propôs, na 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, a criação do Dia Internacional da Mulher, celebrado inicialmente em datas diferentes, de acordo com o calendário de lutas de cada país. A ação das operárias russas no dia 8 de março de 1917 é a razão mais provável para a fixação desta data como o Dia Internacional da Mulher. Ao longo do século 20 e nesse início de século, muitos direitos foram conquistados, como o voto, a elegibilidade feminina e, de forma geral, uma maior participação feminina nas instâncias públicas, no mundo do trabalho, na Universidade, etc. Em 1922, a celebração internacional foi oficializada e o 8 de Março se transformou na data-símbolo da participação das mulheres para transformar a sua condição e a sociedade.
No Brasil vivemos o momento histórico em que a primeira mulher, eleita com o voto democrático de milhões de brasileiras e de brasileiros, assume a Presidência da República. Esse avanço também percebido no mercado de trabalho, com a conquista de postos de trabalho cada vez mais influentes pelas mulheres.
Apesar dos avanços e conquistas legais, as mulheres continuam enfrentando, em sua vida cotidiana, desafios tais como: discriminação no mercado de trabalho – as mulheres ganham menos para desempenhar a mesma função que homens, desigualdade de oportunidades, dificuldades para se capacitar profissionalmente, exercício da dupla jornada de trabalho, pouca presença em posições de poder e de decisão. A violência doméstica ainda continua vitimando mulheres de todas as classes sociais, em diversas regiões do mundo.
Assim, a luta pela conquista de direitos e políticas públicas para a igualdade de gênero e o fim da violência contra a mulher exigem mudanças culturais e a superação do machismo ainda arraigado em todos os setores de nossa sociedade e que se manifesta nas mais variadas formas, seja no plano da linguagem, nas relações domésticas, nas micropolíticas do poder, até as macroestruturas sociais ou, ainda, na superexploração e exposição midiática do corpo feminino como mero objeto de consumo.
No Estado republicano, que não pode admitir, formalmente, discriminações de gênero, não há diferenças remuneratórias no serviço público, o que já é uma marca importante em relação ao mundo do trabalho privado, mas, independentemente do âmbito financeiro, o 8 de Março enseja reflexão sobre todas as outras instâncias da vida familiar, social, política e cultural. O episódio ilustrativo citado acima mostra que mesmo dentro do Estado podem acontecer violências inimagináveis.
A Diretoria da DS Campinas/Jundiaí congratula-se com todas as Auditoras-fiscais por essa data, com o desejo de que seja uma oportunidade de um novo ânimo, de homens e mulheres, na luta contra as injustiças e a opressão. A luta por uma vida digna para todos, e todas, é sempre uma tarefa inacabada e incessante.

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