sexta-feira, 29 de junho de 2012

Informativo Semanal 109


Proposta de delegados da DS Campinas/Jundiaí sobre rumos da greve é aprovada pela Plenária Nacional
Caso o governo não apresente nenhuma proposta à categoria até o dia 31 de julho uma Assembleia deve ser convocada para o dia 1º de agosto com o indicativo de paralisação total das atividades da Receita Federal. Esta foi a principal deliberação aprovada na Plenária Nacional realizada na terça e quarta-feira, dias 26 e 27, em Guarulhos (SP).
A proposta foi apresentada pelos delegados da DS Campinas/Jundiaí, com apoio de delegados das DS Curitiba, Ribeira Preto, Espírito Santo, Belo Horizonte, Joinville, Brasília e Pará.
Outras deliberações aprovadas foram a constituição e fortalecimento do fundo de corte de ponto e fundo de mobilização. “Essas deliberações foram importantes para mostrar ao Governo que a categoria está decidida e preparada para suportar uma greve e a aprofundar a mobilização”, comentou o Vice-Presidente da DS Campinas/Jundiaí, Paulo Matsushita, que participou como delegado da Plenária Nacional.
Para Matsushita a Plenária Nacional foi um momento importante para mostrar a unidade da categoria e definir rumos do movimento. “Na avaliação de conjuntura afirmamos que o movimento, na primeira semana, estava desorganizado e sem uniformidade e que a operação crédito zero precisa de mais intensificação” observou. Conforme informou o Vice-presidente da DS Campinas/Jundiaí, a avaliação da Plenária foi que, além de não encerrar os processos, também é necessária uma operação padrão para afetar os resultados das planilhas gerenciais na zona secundária.  “A Plenária foi importante porque reuniu 400 representantes da categoria de todo o país, mostrou a unidade da categoria e apontou propostas no sentido de organizar e acirrar o movimento”, afirmou.
Agora, a DEN deve convocar uma assembleia ainda esta semana para a categoria analisar as propostas aprovadas na Plenária Nacional.

Auditores da DRF Campinas e de Viracopos decidem realizar reuniões semanais
Os Auditores-fiscais da DRF Campinas reuniram-se na manhã de quinta-feira, dia 28, para discutir e avaliar as propostas aprovadas na Plenária Nacional realizada na terça e quarta-feira, dias 26 e 27, em Guarulhos.
Conforme informou o Diretor Secretário da DS Campinas/Jundiaí, Edison Bacci, que foi um dos delegados da Plenária Nacional, após a discussão de várias propostas, as principais deliberações foram a convocação de uma Assembleia para o início do mês de agosto, caso o Governo não apresente nenhuma proposta até o dia 31 de julho, que deverá propor a radicalização do movimento, com a paralisação de 100% das atividades na Receita Federal e o acirramento da continuidade do movimento dentro da repartição, com assinatura de ponto e a manutenção da operação padrão na zona primária e crédito zero na zona secundária (veja texto acima).
Na reunião também foram debatidos as ações para manter a operação crédito zero. Os Auditores da DRF Campinas deliberam ainda a realização de reuniões todas segundas e quintas-feiras, às 9h30, no Auditório da DRF, enquanto durar o movimento.

Viracopos
Em reunião realizada na tarde de quinta-feira, os Auditores lotados na Alfândega de Viracopos também decidiram realizar, a partir da próxima semana, reuniões todas as terças e quintas-feiras, às 10h no Auditório, para discutir as ações e a continuidade do movimento.

Imprensa
Jornal Valor Econômico destaca que Dilma deve conceder reajustes para algumas categorias de servidores da União
Reportagem do jornal Valor Econômico publicada na quarta-feira, 27, com o título “Dilma deve conceder reajustes a servidores da União” destaca que a presidente Dilma Roussef deverá conceder reajustes salariais à algumas categorias do serviço público federal. De acordo com a reportagem, as categorias que compõem a base dos servidores serão beneficiadas, o que agradaria o meio sindical.
O jornal informa ainda que, como desdobramento político dessa medida, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, assinou minuta de projeto de lei, que busca incorporar ao salário as gratificações recebidas por assistentes e oficiais de chancelaria.
De acordo com a reportagem, fontes do Palácio do Planalto avaliam que são menores as chances de concessão de reajustes às carreiras que estão no topo do funcionalismo, como os auditores da Receita Federal e a Polícia Federal.
Para o Vice-presidente da DS Campinas/Jundiaí, a reportagem mostra um recuo do Governo em função das pressões dos servidores públicos federais. “Várias categorias vem realizando mobilizações este ano. Esta reação do Governo mostra um recuo e aponta que devemos continuar a pressão para obter um proposta às nossas reivindicações”, comentou Paulo Matsushita.

Campanha Salarial
CNM convida Auditores para discutir uniformização de procedimentos para mobilização
(Do Sindifisco Nacional)
O CNM (Comando Nacional de Mobilização) divulgou, na quinta-feira (28/6), convite para que os Auditores-Fiscais participem do “Encontro Técnico de Uniformização de Procedimentos em Operação Padrão na Zona Primária” e do “Encontro Técnico de Uniformização de Procedimentos de Crédito Zero para Zona Secundária e DRJ”.
O Comando ressalta a importância do engajamento e da colaboração da Classe na discussão sobre medidas de padronização e uniformização dos procedimentos que podem contribuir para o andamento da Campanha Salarial. Veja nos links acima onde ocorrerão os encontros e como participar.

Festa Julina será no sábado dia 7 de julho
Agende-se. A festa julina 2012 da DS Campinas/Jundiaí acontecerá no dia 7 de julho (sábado), a partir das 17h, no Buffet Belmont (Rua Cel. Alfredo Augusto do Nascimento, 2000, Sousas).
Os convites estarão a venda até o dia 5 de julho. Veja o CONVITE


sexta-feira, 15 de junho de 2012

Rio+20: Movimentos sociais defendem ação de Estado para redução de desigualdades e garantia dos direitos de gerações futuras


Reginaldo Cruz

Pela segunda vez o Brasil, em especial o Rio de Janeiro, sedia um evento da ONU sobre Meio Ambiente. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que será realizada entre os dias 13 e 22 de junho, está sendo chamada de Rio+20 em referencia aos 20 anos da ECO/Rio 92 - a Conferencia sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU também realizada na capital fluminense.
No período de duas décadas que separa a duas Conferências muito se discutiu e, apesar do conceito “desenvolvimento sustentável” estar em voga e ter sido apropriado pelo capital como peça de propaganda; pouco se concretizou em termos de políticas efetivas e ações governamentais na defesa do meio ambiente.
Durante o Fórum Social Mundial Temático (FSMT) realizado em Porto Alegre no mês janeiro deste ano para discutir propostas dos setores populares para serem levadas à Conferência Rio + 20, o Instituto Justiça Fiscal (IJF)[1], em parceria com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional), realizou a oficina “Justiça fiscal como instrumento para redução das desigualdades e transparências das contas públicas”, com o objetivo de inserir o tema “política fiscal” nas discussões da conferencia da ONU.
Ao final da oficina no FSMT, foi aprovado um documento que será apresentado à Rio+20, intitulado “Mensagem à Conferência das Nações Unidas Sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20)– Justiça Fiscal Para Redução de Desigualdades”.
Para os participantes da oficina no FSMT, faz se necessário inserir como tema central nos debates sobre a sustentabilidade a discussão sobre a importância dos Sistemas Fiscais para a construção de um modelo de desenvolvimento justo e sustentável, de uma sociedade solidária e de economia mais estáveis e que as propostas aprovadas na Conferencia Rio+20 possam sair do campo da retorica e se transformar em políticas concretas.
Para o auditor fiscal da Receita Federal e um dos fundadores do IJF, Dão Real Pereira dos Santos (foto), a Rio+20 será uma oportunidade para a sociedade refletir sobre os paradigmas atuais de consumo, bem como quais serão os instrumentos para interferir de forma concreta na definição de políticas públicas. “O debate sobre sistema fiscal não pode ficar restrito a algumas pessoas, mas deve ser apropriado pela sociedade como um todo. O Brasil é um país rico, mas possui um povo pobre”, afirmou.
Na entrevista abaixo ele defende o desenvolvimento de políticas de Estado e mudança na estrutura tributária para garantir inclusão social e para rever valores de desenvolvimento e consumo

A Rio+20 será realizada em um momento em que o país e a cidade do Rio de Janeiro estão às vésperas de sediar, respectivamente, a Copa do Mundo de futebol em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Esses grandes eventos esportivos têm demandado a realização de grandes obras, com óbvios impactos ambientais e sociais. Além disso, o crescimento da economia na última década tem demandado obras de infraestrutura que, além de onerosas do ponto de vista financeiro, causam grande impacto ambiental e social.
Em sua avaliação, a Conferência Rio+20 poderá representar um espaço para ampliar e dar visibilidade ao debate ambiental. Qual a expectativa dos movimentos sociais que estão discutindo o tema?

Dão Real Pereira dos Santos: Creio que a Rio +20 será um momento muito importante para um debate profundo, não apenas sobre as questões de fundo, como o paradigma do consumo e a crise ambiental, mas principalmente sobre os instrumentos que a sociedade terá que dispor no futuro para exercer uma participação mais ativa. É fundamental criar espaço para a democratização dos temas sensíveis, para que a sociedade possa decidir sobre a viabilização do seu futuro. 

O Instituto Justiça Fiscal e o Sindifisco Nacional realizaram uma oficina no Fórum Social Temático, em Porto Alegre, propondo que a questão fiscal seja inserida nos debates da Conferência Rio+20. Qual a importância da discussão do tema Justiça Fiscal  qual a relação deste tema com o debate ambiental?

Dão Real Pereira dos Santos Desde o Fórum Social, ocorrido em janeiro de 2012, estamos elaborando um documento para a Rio +20 que propõe basicamente o resgate do papel do Estado na construção de um desenvolvimento mais justo e sustentável. Uma das principais a questões que a conferência deverá enfrentar será justamente o conflito entre os modelos colocados. É ao Estado ou ao mercado que caberá a responsabilidade de garantir direitos das gerações futuras? Tendo em vista a história recente, o mercado, desregulamentado, será capaz de produzir a inflexão necessária ao desenvolvimento econômico com vistas à redução das desigualdades e preservação dos recursos naturais? É possível construir um desenvolvimento que não esteja fundado unicamente no crescimento econômico e que priorize o interesse geral da sociedade?
Enfim, o debate fundamental, me parece, deverá ser sobre o modelo de organização social que terá mais condições de promover a construção de uma sociedade mais justa.    

Como os sistemas fiscais, definidos como mecanismos tributação, arrecadação e definição dos gastos públicos podem contribuir para a efetivação de políticas sustentáveis ambientalmente?

Em primeiro lugar é preciso reconhecer que os sistemas fiscais decorrem da organização social que tenha como institucionalização o Estado. Assim, os sistemas fiscais devem ser vistos como instrumento para a execução dos objetivos que justificam a existência do próprio Estado, ou seja, o bem comum. Os sistemas fiscais, que abrangem a tributação e os gastos públicos são os instrumentos pelos quais os Estados, regularmente constituídos, são modelados. É na configuração dos sistemas fiscais que se revelam os fundamentos que balizam a organização do Estado.  Assim, os sistemas fiscais são instrumentos poderosos à disposição das sociedades para direcionar toda a organização social no sentido de uma nova concepção de desenvolvimento que privilegie a distribuição de renda, a redistribuição de riquezas e o respeito às gerações futuras. O sistema fiscal significa, portanto, a interferência da sociedade como um todo na viabilização do futuro. 

Qual o papel do Estado na definição e aplicação de políticas sustentáveis do ponto de vista social e ambiental?

Dão Real Pereira dos Santos: Este é o tema-chave de toda a Conferência Rio +20. Não tenho dúvidas de que a contínua redução do papel Estado, observada nos últimos anos de uma economia fundada na doutrina neoliberal, associada à apropriação do Estado para o atendimento prioritário dos interesses privados, foi um dos fatores principais para a aceleração da degradação ambiental e para o aumento das desigualdades sociais. O Estado, enquanto forma de institucionalização das sociedades, tem um papel fundamental na defesa do interesse público e na definição dos limites. 

Qual sua avaliação da política tributária brasileira neste contexto?

Dão Real Pereira dos Santos: Não é novidade que o sistema tributário brasileiro é regressivo e privilegia o capital. Isso consta em várias pesquisas do IPEA, e significa que a política tributária brasileira tem sido a de onerar mais os mais pobres e menos os mais ricos. O sistema tributário brasileiro, portanto, é um fator de produção de desigualdades sociais. Além disso, a definição da política tributária não leva em conta inúmeros princípios e fundamentos que determinam, de um lado a justiça fiscal (redução das desigualdades) e de outro, um desenvolvimento mais sustentável e justo. As definições da política tributária têm levado em conta tão somente o interesse privado e/ou a necessidade de caixa das administrações públicas. Princípios de sustentabilidade ambiental, por exemplo, não são considerados. Com isso, mesmo na utilização da política tributária como estímulo a determinados setores produtivos, acabamos muitas vezes incentivando os setores com alta produção de lixo e de degradação ambiental, criando custos sociais cada vez mais elevados.   

As duas décadas que separam a ECO/Rio 92 da Rio+20 foi marcada pelo auge das políticas neoliberais, na década de 1990 e início dos anos 2000 e declínio desta política a partir da crise econômica deflagrada em 2007. Neste período, embora o debate ambiental tenha ganhado espaço na sociedade e o termo desenvolvimento sustentável tenha virado moda, inclusive peça de publicidade, houve aumento da degradação ambiental. Assim, pode-se afirmar que a políticas de livre mercado, sem regulação Estatal, fracassaram também nesta questão?

Dão Real Pereira dos Santos: O crescimento da consciência internacional de finitude dos recursos naturais e da responsabilidade social não veio acompanhado da implementação de políticas públicas nacionais e internacionais que pudesse barrar o processo crescente de degradação. Isso se deve muito ao fato de que, especialmente nestas duas últimas décadas, os instrumentos institucionais que seriam capazes de implementar novas concepções de desenvolvimento foram apropriados pelos agentes econômicos e pela lógica do crescimento sem limite. O problema parece estar localizado na falta de instrumentos. O Estado, e os Estados de forma organizada, que deveriam ser as instituições legítimas para fazer implementar políticas públicas que conduzissem a um novo modelo, estão reféns da própria lógica que aprofunda a degradação, a exaustão e a exclusão.  

Após a realização da ECO/Rio 92, as Conferências da ONU, como a sobre Mudanças Climáticas realizada em Copenhague (Dinamarca) em 2009 e as metas estabelecidas pelo protocolo de Kioto (Japão, 1997), de uma forma geral, redundaram em grandes fracassos, ou, no mínimo, ficaram muito aquém do esperado. Em sua opinião, essa tendência pode ser superada na Conferência Rio+20? Qual papel da sociedade e dos movimentos sociais nesta questão?

Dão Real Pereira dos Santos: Creio esta é mais uma oportunidade. As conferências oficiais têm fracassado, sem dúvida. No entanto, podemos observar que a consciência acumulada nas sociedades tem começado a se transformar em mobilização social. Se os Estados são a institucionalização das sociedades, então está na hora de as sociedades começarem a impor responsabilidade aos Estados. É preciso desprivatizar a estrutura dos Estados. O interesse público deve prevalecer. É uma incoerência imaginar que o setor privado será capaz de atender de forma adequada o interesse público. É uma contradição.
De outro lado, se percebe cada vez mais claramente que a lógica econômica que nos conduziu à situação que chegamos, não será capaz de inverter o processo. Não há, nem haverá recursos suficientes para garantir bem estar a toda população mundial. Ou aceitamos a desigualdade (a maioria das pessoas vivendo na absoluta pobreza para que alguns possam usufruir altos padrões de consumo) ou teremos que redefinir o desenvolvimento, o que significa, obrigatoriamente, implementar políticas de redistribuição das riquezas.
A reversão do modelo depende fundamentalmente do resgate dos Estados, como braços institucionais das sociedades, dando-lhe condições suficientes, inclusive para regular e disciplinar os mercados e fluxos financeiros. Mas para isso, é preciso reconhecer antes, internacionalmente, que existe um conjunto de valores fundamentais que devem ser respeitados por todos e que tem relação com a justiça social e ambiental e com os direitos das gerações futuras. 



[1] Fundado em agosto de 2011, o Instituto Justiça Fiscal é uma associação civil, sem fins lucrativos, com sede em Porto Alegre/RS e atuação em todo o território nacional. Tem por finalidade o aperfeiçoamento do sistema fiscal com vistas a torná-lo mais justo e capaz de contribuir para a redução das desigualdades sociais e regionais.
O Instituto Justiça Fiscal é fruto da iniciativa de um conjunto de pessoas e de entidades representativas que compartilham a ideia de que o sistema fiscal, que compreende a definição das políticas e a administração do ciclo das finanças públicas, da arrecadação à execução dos gastos e controle dos recursos públicos, é elemento constituinte do Estado e definidor do seu modelo.