quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Mobilizar ou "negociar", eis a questão.

Para sua reflexão acerca das decisões a serem tomadas na Assembléia Nacional de hoje (07/11), leiam, a seguir, o editorial enviado, na tarde de ontem, aos filiados da DS Curitiba, que sintetiza de forma lapidar os últimos acontecimentos da campanha salarial 2007 e analisa o estado de espírito da categoria face à (falta de) conclusão das "negociações" com o governo:


A categoria se encontra na expectativa do desfecho das "negociações" com o governo em torno da campanha salarial. O otimismo gerado pelo anúncio, feito pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento em reunião realizada no dia 17 de outubro, da disposição do governo de alterar a atual estrutura remuneratória dos AFRFB para remuneração por subsídio, nos moldes negociados com a Polícia Federal e AGU, vai aos poucos se esvaecendo e se transformando em apreensão e ansiedade, gerados pela falta de informações e pelo crescente número de boatos. Tudo isto em menos de 20 dias.


O notório clima de euforia e do "já ganhou" capitaneado pela Direção Nacional do Unafisco durante a plenária conjunta dos AFRFB, realizada nos dias 22 e 23, refreou qualquer ânimo de mobilização porventura existente naquele momento. A expectativa era de que o governo anunciasse no dia 22 de outubro o detalhamento da proposta, porém o governo pediu mais tempo para completar os estudos. Apesar da frustração momentânea, houve praticamente consenso na plenária quanto ao encaminhamento da Direção Nacional no sentido de cancelar a paralisação de 48 horas, marcadas para os dias 25 e 26 de outubro, para evitar "ruídos na negociação", havendo por bem aguardar as reuniões agendadas para os dias 29 e 31 de outubro, que concluiriam o processo. Afinal, ninguém gostaria de criar embaraços ao "novo paradigma negocial" alardeado pela Direção Nacional durante a plenária.


No entanto, bastou que uma destas reuniões fosse cancelada e outra realizada sem apresentar novidades para que o discurso negociador fosse substituído pela necessidade premente de mobilização. O tom conciliador dos boletins nacionais foi substituído pelo tom ameaçador. Em acordo com o Comando de Mobilização tivemos na pauta da última assembléia uma paralisação de advertência convenientemente marcada para o próximo dia 08 de novembro. A conveniência está em que no dia anterior (07/11) outra assembléia nacional deverá apreciar a tão esperada proposta do governo, cujo anúncio foi adiado para o dia 06 de novembro. Assim, tanto a AN poderá cancelar a paralisação marcada, se achar satisfatória a proposta, quanto aprovar a paralisação por tempo indeterminado a partir do próximo dia 12.


A avaliação praticamente consensual dos colegas presentes na última assembléia de Curitiba é de que, ante tal calendário, a paralisação de advertência do dia 08/11 está mais para bravata e que, ante o cancelamento da paralisação anterior, melhor seria aguardar o desfecho da proposta do governo para, no caso de novo adiamento ou de apresentação de uma proposta frustrante, aí sim partir para uma verdadeira mobilização, por tempo indeterminado, até o atendimento de nossa pauta. Afinal, não dá para simular mobilização, principalmente diante da nova conjuntura do direito de greve, em face do recente julgamento do STF.

Esse movimento errático da Direção Nacional mina a construção de uma mobilização efetiva. A diretoria da DS-Curitiba não tem dúvidas de que uma negociação efetiva tem que estar respaldada por uma categoria mobilizada e que, por isto mesmo, há que se ter muita seriedade com o tema, preparando a categoria para os embates indispensáveis, sem porém submetê-la a riscos e desgastes desnecessários. A experiência aponta que o "novo paradigma negocial" talvez não seja suficiente e que podemos precisar da "boa e velha mobilização".




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