segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Entrevista com Paulo Matsushita

Paulo Mastsushita encerra mandato à frente da DS Campinas/Jundiaí e avalia a primeira gestão da nova entidade sindical


O atual presidente da DS Campinas/Jundiaí, Paulo Matsushita encerra o mandato no dia 31 de dezembro. A partir de janeiro ele irá continuar na diretoria, agora no cargo de vice-Presidente.
Oriundo da antiga Receita Previdenciária e atualmente lotado da DRF/Jundiaí, Matsushita, antes de ocupar a presidência da DS Campinas/Jundiaí, teve uma longa trajetória na luta sindical dos previdenciários.
Na eleição deste ano, foi candidato à Vice-Presidente do Sindifisco Nacional pela Chapa 2 (Transparência e Ação), que obteve 41 % dos votos.
Na entrevista abaixo Paulo Matsushita fala do processe eleitoral recém encerrado e do período à frente da DS Campinas, além de analisar as perspectivas para a próxima gestão.

Ação Sindical: Para começar, fale um pouco sobre sua trajetória profissional na Receita Federal?

Paulo Matsushita: Ingressei na Fiscalização de Contribuições Previdenciárias, naquela ocasião no âmbito do INSS, em 1987, na Gerência Regional do Tatuapé, na Capital, em São Paulo. Afora um breve interregno de cerca de um ano na Chefia de Arrecadação, em Jundiaí, tenho atuado, nesses anos todos, na Auditoria-fiscal externa.

Ação Sindical: E como foi sua trajetória no movimento sindical?

Paulo Matsushita: Passei a atuar no movimento sindical da Fenafisp em 1992. Fui a uma Assembleia e, ao final, após um comentário, a então Presidente da entidade sindical estadual – Sindifisp-SP -, Guilhermina Oliva, convidou-me para colaborar com a área de Comunicação do sindicato; fui capturado pelo sindicalismo dos fiscais previdenciários, numa época de grande efervescência política e social, por causas das lutas antineoliberais e dos ataques ao Estado, e, desde então, não parei mais. Participei de todos os Congressos da categoria, nacionais e estaduais (o Sindifisp-SP, mesmo sendo uma entidade estadual, tinha o seu Congresso), apresentando teses em todas as ocasiões, integrei comandos de mobilização, caravanas, etc.

Ação Sindical: Qual sua avaliação da atual gestão da DS Campinas/Jundiaí?

Paulo Matsushita: Foi uma gestão de grande responsabilidade política, pelo fato de ser a primeira Direção da nova entidade nacional unificada dos Auditores-fiscais. Ressalto a felicidade que foi o encontro das lideranças locais, em Campinas e em Jundiaí, provindas do Unafisco Sindical e da Fenafisp, pois houve uma identidade política de parte a parte e, dessa forma, a primeira Diretoria foi formada naturalmente, o que possibilitou uma gestão harmônica, muito produtiva para a nossa Delegacia Sindical, mantendo as tradições de debate, participação e intervenção nos âmbitos local e nacional que as duas categorias anteriores sempre tiveram. Campinas e Jundiaí sempre foram respeitadas nacionalmente e a atual Direção manteve essa tradição.

Ação Sindical: Na próxima gestão você continuará na diretoria como Vice-Presidente. Quais são as perspectivas para o próximo mandato?

Paulo Matsushita: Considero positivo, em primeiro lugar, que a nova Diretoria seja herdeira da atual gestão e, ao mesmo tempo, revelando capacidade de renovar-se. Já no final da atual gestão, retomamos a campanha “Tributo à cidadania” que é, de certa maneira, uma iniciativa sindical que pode envolver tanto os filiados ativos como aposentados e pensionistas e, além disso, permite-nos dialogar com a sociedade; esse diálogo pode criar oportunidades para tratarmos dos temas básicos do nosso movimento sindical: Política Tributária, Seguridade Social e Aduana.

Ação Sindical: Na última eleição do Sindifisco Nacional você foi candidato a Vice-Presidente pela Chapa 2 – Transparência e Ação, que obteve XX% dos votos. Qual avaliação você faz deste processo eleitoral?

Paulo Matsushita: Desde meados desse ano, já vínhamos, em Assembléias e em outras oportunidades, conversando com os filiados que as eleições sindicais seriam a oportunidade para um grande debate sobre a nossa categoria,       a nossa Entidade e a Receita Federal. Da nossa parte, cumprimos o dever, pois fizemos um debate em alto nível e uma parte significativa da categoria foi sensível à nossa proposta, o que nos estimula a continuar atuando em defesa de um Sindifisco Nacional capaz de envolver a categoria verdadeiramente, na busca de protagonismo social equivalente à importância do Auditor-fiscal para o Estado brasileiro e para a sociedade.

Ação Sindical: Como deve ser, em sua opinião, a relação da DS Campinas/Jundiaí com Diretoria Executiva Nacional (DEN) do Sindifisco recém eleita?

Paulo Matsushita: Reconhecemos a legitimidade do processo eleitoral que, inclusive, gerou uma nova situação política interna no Sindifisco Nacional: da mesma forma como a Delegacia Sindical Campinas/Jundiaí, duas outras importantes Delegacias – Belo Horizonte e Brasília - terão, da mesma forma, uma posição crítica em relação à Direção Nacional. É claro que a unidade em todas as lutas em defesa das atribuições e da categoria, de forma geral, sempre será a nossa divisa.

Ação Sindical: No plano político e econômico, a persistência da crise nos países da Europa e nos Estados Unidos traz um cenário de incertezas. Políticas de viés liberal, como o corte de gastos públicos, redução de aposentadorias, demissões de servidores públicos e arrocho salarial são apontados por setores hegemônicos da mídia e do governo como única política possível para superar a crise.
Neste sentido, o Governo da Presidente Dilma Roussef vem impondo uma política de endurecimento em relação aos servidores públicos, em especial aos Auditores-fiscais da Receita Federal.
Diante desse quadro, em sua avaliação, qual deve ser a atuação do Sindicato, seja na diretoria da DS local, seja na DEN?

Paulo Matsushita: Fomos bem enfáticos, durante o processo eleitoral, quando caracterizamos o próximo período como sendo uma conjuntura de “resistência”. E isso já se revelou, desde o segundo semestre, em conseqüência da crise que se irradia a partir da Europa e EUA, com os resultados frustrantes da campanha salarial e com a nova Reforma da Previdência, de iniciativa do Governo Dilma (Previdência Complementar para os servidores federais), O PL 1992 é uma investida tão agressiva contra os trabalhadores do serviço público que até a própria base do Governo está hesitante.
Esse cenário dá-nos uma mostra de que poderemos ter uma conjuntura muito mais adversa para os Auditores-fiscais, se a Direção nacional não for capaz de dar uma resposta ao Governo, envolvendo de fato toda a categoria na defesa de nossos direitos e atribuições. Esse será o principal desafio para o próximo período.

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