quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Paridade e subsídio em risco


Após mais de um ano e meio de negociação, o governo apresentou, na tarde do dia 29 de agosto, uma proposta de último momento à DEN e às outras categorias ainda em greve, exigindo uma resposta até o final da tarde do dia 30.
Seguindo a orientação da DEN e do CNM, que entenderam ser a proposta insuficiente para dar o justo valor a nossa carreira, a proposta foi rejeitada por quase 90% da categoria.
Na busca de alternativas contra a intransigência do Planalto, em setembro de 2012, foi criado pelo CDS um GT (Grupo de Trabalho) para realizar estudo sobre a possibilidade da implementação de uma parcela extra-subsídio para incremento da remuneração dos Auditores-Fiscais.
O grupo apresentou no CDS dos dias 19 e 20/11 um relatório parcial sobre o andamento dos trabalhos, sobre o parecer jurídico e sobre o Fundaf, recebidos no final da semana anterior.
Feita uma analise do referido parecer, verificamos que o parecerista admite a compatibilidade entre subsídio e parcela extra em duas circunstâncias:
1. o pagamento da referida parcela com verbas provenientes de economia de custeio;
2. numa segunda hipótese, sob a forma de "participação nos lucros" (PLR).
Nesse caso, de acordo com o parecer jurídico, a parcela não seria extensiva aos aposentados e pensionistas.
Considerando ambas alternativas questionáveis, decidiu o CDS por apresentar duas propostas vinculadas à questão remuneratória:
a) uma delas, pela continuidade do grupo de trabalho interno;
b) a outra, de constituição de outro grupo de estudos com a mesma finalidade, mas destinado a analisar o tema em conjunto com o governo, antes mesmo da conclusão do estudo interno.
O plenário do Conaf considerou "inoportuna e inadequada" a proposta de se constituir novo grupo de trabalho em conjunto com o governo, antes da decisão da categoria sobre o assunto. A maioria dos delegados entendeu que seria precipitado e imprudente sinalizarmos com a possibilidade de um acordo baseado numa questão sobre a qual ainda não estamos totalmente convencidos. Pelo contrário, nos debates foram levantados diversos riscos inerentes à matéria, como por exemplo, de que tal sistema sirva de instrumento de pressão e retire a autonomia e independência que ainda resta ao Auditor-Fiscal.
É necessário relembrar nossas experiências recentes: em 2000 o governo tentou implementar curva forçada na avaliação para percepção da GDAT. Nessa sistemática alguns Auditores-Fiscais teriam de ser necessariamente mal avaliados para que outros pudessem obter sua remuneração integral. Não importa se o grupo fosse homogêneo ou não, o modelo permitia que dois Auditores-Fiscais com a mesma dedicação e desempenho fossem avaliados de forma totalmente desigual.
Já permitimos que o governo, em nossa última campanha, instituísse o Sidec, contudo este aguarda a remuneração variável para ser implantado, pois sem ela o referido sistema seria quase inócuo. Esse é o tijolinho que falta.
No que tange à paridade: desde a implementação da GDAT e suas sucessoras, a parcela variável NUNCA foi estendida integralmente aos aposentados, mas querem que acreditemos que ISSO NÃO SE REPETIRÁ. Qual a garantia?
É necessário que se diga a verdade: estamos lutando para voltar a receber uma parcela variável baseada em produtividade, como se o subsídio fosse um empecilho para sermos bem remunerados. Estamos trocando salário fixo (e a paridade que o subsídio proporciona) por por um sistema com parcelas variáveis baseado em produtividade e avaliações em que nada é garantido.
Em 2000, um Auditor-Fiscal com remuneração variável baseada em produtividade recebia em torno de 50% do subsídio de um DPF e 1/3 do que percebiam os juízes. Portanto, remuneração variável não é garantia de remuneração mais elevada. Será que face a uma promessa de que alguns de nós irão obter ganhos financeiros correremos o risco de DEIXARMOS NOSSOS APOSENTADOS AO DEUS DARÁ?
Por este motivo, foi aprovada no último Conaf a resolução de, prudentemente, submeter à próxima Assembleia Nacional o indicativo no qual ratificamos ser o subsídio a forma de remuneração da categoria e que, antes do término dos nossos estudos internos e deliberação da categoria, desautorizamos qualquer discussão ou constituição de grupo de trabalho com o governo sobre a questão de remuneração extra-subsídio.
O cansaço de um longo combate que travamos e promessas de ganhos efêmeros não podem ser o mote para colocarmos em risco a autonomia do nosso cargo, nossa condição de autoridade fiscal e a nossa unidade. Devemos ter sempre claro que a valorização do cargo e sua remuneração estão diretamente associadas ao pleno exercício das atribuições exclusivas do Auditor-Fiscal.
DIRETORIA DS BH

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