Em palestra realizada nesta quarta-feira, dia 9,
no Auditório da DRF Campinas, o professor do Instituto de Economia da Unicamp e
Diretor Adjunto do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho)
Anselmo Luiz dos Santos, traçou um cenário otimista da atual situação econômica
brasileira, mas alertou sobre a manutenção da submissão da economia aos
interesses do setor financeiro, o que constrange investimentos no setor público
e consequentemente força a uma política de restrição salarial dos
servidores.
No início da palestra, o professor Anselmo fez uma análise da economia na
última década, observado que neste período, que atinge os dois mandatos de Lula
e o início governo de Dilma Roussef, houve importantes mudanças. Para o
economista, apesar do aumento da dívida pública, houve elevação da taxa de
investimento público e o Brasil vem crescendo de forma continua desde 2004.
Na crise econômica que eclodiu em 2008, já no
segundo mandato de Lula, o país conseguiu se sair bem, segundo o palestrante. Na
análise do professor Anselmo, neste período houver maior regulação estatal na
economia, apesar de o país ainda não ter constituído um padrão sustentável de
desenvolvimento.
De acordo com o palestrante, as políticas
anticíclicas adotadas pelo governo neste período garantiram um crescimento médio
de 4% de PIB que, se comparado com o ritmo de crescimento do país nas duas
décadas anteriores e às mudanças ocorridas na estrutura demográfica neste
período – com a redução do número de jovens que entram no mercado de trabalho a
cada ano - esse índice de crescimento foi suficiente para mudar a relação social
no Brasil.
Ainda neste ponto, o diretor do Cesit destacou
como fundamental o papel desempenhado pelo BNDES no financiamento dos
investimentos públicos na economia. O economista também ressaltou a valorização
do salário mínimo na última década, que, apesar de ainda ser baixo, cresceu
acima do PIB e constituiu-se em um dos principais políticas de redução da
pobreza.
Outros pontos apontados por Anselmo Luis do Santos foi a queda na
taxa de desemprego, hoje em torno de 6%, aumento da renda dos trabalhadores
autônomos.
Após fazer uma análise otimista da política macro
econômica, o professor Anselmo destacou pontos que considera que não houve
mudanças, com o aumento do déficit em conta corrente, o processo de
desindustrialização e a falta de autonomia tecnológica. Para ele, o país não tem
condições de desenvolver de forma sustentada se não tiver estrutura.
Na questão tributária, o palestrante criticou o
que chamou de entulho neoliberal, como a política de desoneração das empresas e
a falta de tributação sobre o patrimônio e renda dos mais ricos.
As mudanças no sistema de previdência do setor
público também foi alvo de crítica. Para o professor Anselmo, o único setor
beneficiado com a criação do fundo de previdência é o mercado de capitais que
irá gerir os recursos desses fundos.
Por fim, o professor criticou a manutenção da
hegemonia do setor financeiro, que força o governo a cortar gastos para obter
superávit nas contas públicas e com isso constrange os investimentos públicos e
consequentemente força à restrição aos salários dos servidores públicos. Para o
professor Anselmo Luis dos Santos, é necessário fazer o enfrentamento em defesa
do setor público e combater a lógica de mercantilização dos serviços
público.
Nenhum comentário:
Postar um comentário