sexta-feira, 11 de maio de 2012

Diretor do Cesit vê cenário otimista, mas alerta sobre dependência do mercado financeiro

Em palestra realizada nesta quarta-feira, dia 9, no Auditório da DRF Campinas, o professor do Instituto de Economia da Unicamp e Diretor Adjunto do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho) Anselmo Luiz dos Santos, traçou um cenário otimista da atual situação econômica brasileira, mas alertou sobre a manutenção da submissão da economia aos interesses do setor financeiro, o que constrange investimentos no setor público e consequentemente força a uma política de restrição salarial dos servidores.

No início da palestra, o professor Anselmo fez uma análise da economia na última década, observado que neste período, que atinge os dois mandatos de Lula e o início governo de Dilma Roussef, houve importantes mudanças. Para o economista, apesar do aumento da dívida pública, houve elevação da taxa de investimento público e o Brasil vem crescendo de forma continua desde 2004.

Na crise econômica que eclodiu em 2008, já no segundo mandato de Lula, o país conseguiu se sair bem, segundo o palestrante. Na análise do professor Anselmo, neste período houver maior regulação estatal na economia, apesar de o país ainda não ter constituído um padrão sustentável de desenvolvimento.

De acordo com o palestrante, as políticas anticíclicas adotadas pelo governo neste período garantiram um crescimento médio de 4% de PIB que, se comparado com o ritmo de crescimento do país nas duas décadas anteriores e às mudanças ocorridas na estrutura demográfica neste período – com a redução do número de jovens que entram no mercado de trabalho a cada ano - esse índice de crescimento foi suficiente para mudar a relação social no Brasil.

Ainda neste ponto, o diretor do Cesit destacou como fundamental o papel desempenhado pelo BNDES no financiamento dos investimentos públicos na economia. O economista também ressaltou a valorização do salário mínimo na última década, que, apesar de ainda ser baixo, cresceu acima do PIB e constituiu-se em um dos principais políticas de redução da pobreza.
Outros pontos apontados por Anselmo Luis do Santos foi a queda na taxa de desemprego, hoje em torno de 6%, aumento da renda dos trabalhadores autônomos.
Após fazer uma análise otimista da política macro econômica, o professor Anselmo destacou pontos que considera que não houve mudanças, com o aumento do déficit em conta corrente, o processo de desindustrialização e a falta de autonomia tecnológica. Para ele, o país não tem condições de desenvolver de forma sustentada se não tiver estrutura.

Na questão tributária, o palestrante criticou o que chamou de entulho neoliberal, como a política de desoneração das empresas e a falta de tributação sobre o patrimônio e renda dos mais ricos.

As mudanças no sistema de previdência do setor público também foi alvo de crítica. Para o professor Anselmo, o único setor beneficiado com a criação do fundo de previdência é o mercado de capitais que irá gerir os recursos desses fundos.

Por fim, o professor criticou a manutenção da hegemonia do setor financeiro, que força o governo a cortar gastos para obter superávit nas contas públicas e com isso constrange os investimentos públicos e consequentemente força à restrição aos salários dos servidores públicos. Para o professor Anselmo Luis dos Santos, é necessário fazer o enfrentamento em defesa do setor público e combater a lógica de mercantilização dos serviços público.


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